Assalto sem trauma não existe.
Super traumatizou.
1. demissao inesperada
Apenas demitiram. Ficou bem tensa durante o dia, e na noite desmaios nos meus braços no meio da cozinha, por 1 ou 2 minutos ficou apagada.
2. roubo
Roubaram, 0 reais (todo o dinheiro que tinha junto), mas todos documentos, inclusive carteira de trabalho e exame demissional. Nunca tinha sido assaltada. Detalhe para o Gynoug: naturalmente que ela foi assaltada as 12:30 (meio dia e meia) no madepinho, indo visitar a minha mãe.
3. surtou
Apenas surtou ontem pela manha, me ligou tentando falar algo mas comessou a chorar muito na ligação, e no final berrar histericamente. Sabe que nessas horas não tem uber, não tem 99 taxi, tudo some no mapa né. Padrão. Tirei uma folga forçada no trabalho ontem.
Mas nada está tão ruim que não possa piorar. Que venha semana que vem.
Tamo junto, feles. Remédio me apagou enquanto dirigia e porrei o carro com minha mãe dentro. Eu NUNCA durmo quando dirijo, muito menos às 10:00.
2015 tá foda.
Quote from: feles on Nov 27, 2015, 17:49:04
Super traumatizou.
1. demissao inesperada
Apenas demitiram. Ficou bem tensa durante o dia, e na noite desmaios nos meus braços no meio da cozinha, por 1 ou 2 minutos ficou apagada.
2. roubo
Roubaram, 0 reais (todo o dinheiro que tinha junto), mas todos documentos, inclusive carteira de trabalho e exame demissional. Nunca tinha sido assaltada. Detalhe para o Gynoug: naturalmente que ela foi assaltada as 12:30 (meio dia e meia) no madepinho, indo visitar a minha mãe.
3. surtou
Apenas surtou ontem pela manha, me ligou tentando falar algo mas comessou a chorar muito na ligação, e no final berrar histericamente. Sabe que nessas horas não tem uber, não tem 99 taxi, tudo some no mapa né. Padrão. Tirei uma folga forçada no trabalho ontem.
Mas nada está tão ruim que não possa piorar. Que venha semana que vem.
Foi mal pela pergunta idiota (escrever rápido dá nisso).
Sinto muito pela demissão e assalto que ela sofreu. Imagino o quanto isso pesou num único dia. Eu acompanho as notícias policiais dai ainda e imagino o quanto as coisas pioraram.
E sinto pelo Joe e o acidente dele também. Eu nem penso tanto em "2015" ruim, porque tenho receio que o ano que vem poderá ser pior com tudo que anda ocorrendo a nossa volta.
Feles, não sei se vc tá com condições para isso, mas acho que vale a pena passar ela numa psicóloga, ou se não der, faça ela falar bastante sobre o assunto até que ela aceite o ocorrido e isso caia na "normalidade". Quando rola esse efeito dominó de traumas é bem comum a pessoa piorar com o tempo, muitas vezes desenvolvendo até síndrome do pânico.
Melhoras pra ela.
Feles, é sério: procura ajuda AGORA. Eu não procurei de cara e estou na minha quarta tentativa de suicídio e um braço cheio de cortes. No meu caso, é depressão grau 3 e queriam me internar em clínica. Não brinca com isso, pois é mais sério que parece. Não é frescura; é DOENÇA. Procura um médico!
Quanto ao conselho do King, se ele me permite, eu não faria isso. Se há uma coisa que aprendi com a minha doença é que UMA palavra dita na hora ou da forma errada pode desencadear uma merda colossal. Meu conselho para quem conhece alguém com depressão é NÃO FALE SOBRE ISSO a não ser que a pessoa inicie e deixe claro que não há problema. Novamente: PROCURE UM MÉDICO. Não há receita caseira para os CID F.
Concordo Joe, mas como eu disse, isso seria no caso dele realmente não ter condições de levar ela num psiquiatra + psicólogo (psiquiatra vai dar remédio pra cortar os sintomas de imediato, psicólogo vai conversar pra resolver o real problema).
E o senhor pare de brincar com gillete. Nesse fórum todo mundo sofre de algum grau de depressão, então tá proibido alguém queimar a largada pro cemitério.
Mas nem se ele não tiver condições. O quadro pode se agravar mais do que deixando quieto. Com o perdão da metáfora, é como ter um carro quebrado, não entender de mecânica e tentar consertar em casa mesmo. Isso foi dito pelo meu terapeuta, Dr. Elie Cheniaux, que já foi no Jô e o caralho.
E não estou usando giletes; estou usando facas retráteis. Não que adiante, pois é muito difícil morrer cortando os pulsos, mesmo que longitudinalmente na artéria, pois coagula muito rápido e você enfraquece. E você não teria força na mão para realizar o outro corte.
TKS.
Eu acho que ela está melhorando e quase no normal já. Dada o ocorrido, desemprego, sei que 100% normal apenas trabalhando novamente.
Fique acompanhando, pois há um estágio em casos assim do tipo "silêncio que precede o esporro". Pode ser - e tomara - que ela não passe por isso, mas vale o alerta.
Só aqui mesmo para um tópico de compras virar o assunto para auto-ajuda. :lol:
Mas enfim, aproveitando... desde o começo do ano eu estou me tratando de sindrome do panico. Eu tive uma crise da qual me lembro vagamente (e os que as pessoas contam hoje, eu duvido a acreditar que eu fiz) e depois disto tive uns dias ruins, o qual meu pior momento foi ter pensado, mesmo que brevemente, que me atirar pela sacada do apartamento era a única saída para parar os pensamentos de pavor que vinham a minha cabeça.
Desde então eu consulto regularmente um psicólogo e uma psiquiatra, além claro de uns tarjas pretas diariamente. Esta sendo um ano bem conturbado, mas estou seguindo um passo por vez, um dia por vez.
Que situação moçada... :(
Melhoras a sua Sra. Feles.
Melhoras Joe.
Qual a moral de um psi/psi?
O que eu penso é que ele fica apenas dizendo 'hum, sim, mas o que voce pensa disso, bom, ok'.
Tipo, na minha mente a função dele é constatar o obvio e na pratica ser ouvidos para os problemas que eu não tenho coragem ou oportinidade para falar para outra pessoa. Sendo eu (bem como a maiopria das pessoas aqui do forum) uma pessoa mais inteligente, eu sei que os problemas de hoje tem a tendencia impressionante de passarem, mesmo na maior merda.
Por exemplo:
No passado (bastante tempo, depois de mais de ano desempregado) pensei um tanto em suicido, mas bastava pensar de maneira analitica "porra, eu sei que isso vai passar, pois tudo que me trouxe até esse ponto me mostra que a maior merda de hoje passa, ou transforma em outro tipo de merda, mas ESSA vai passar um dia". O que poderia um psi/psi fazer diferente?
Caralho, Joe, depressão e tentativa de suicídio? Eu já via você falando de problemas, mas nunca imaginei que tivesse chegado a esse ponto :(
Força ae, cara, e faço minhas as palavras do King.
Feles e Gynoug também. Sabia que ambos tinha problemas, mas também não imaginava que a coisa estava tão grave assim. Força pra vocês também.
Os casos de vocês fazem os problemas do meu casamento parecerem frescura. Acho que eu estava precisando de um tapa desses pra repensar sobre os meus problemas, e analisar se eles são tão graves assim...
Quote from: feles on Nov 30, 2015, 09:28:50Qual a moral de um psi/psi? O que eu penso é que ele fica apenas dizendo 'hum, sim, mas o que voce pensa disso, bom, ok'. Tipo, na minha mente a função dele é constatar o obvio e na pratica ser ouvidos para os problemas que eu não tenho coragem ou oportinidade para falar para outra pessoa. Sendo eu (bem como a maiopria das pessoas aqui do forum) uma pessoa mais inteligente, eu sei que os problemas de hoje tem a tendencia impressionante de passarem, mesmo na maior merda. Por exemplo: No passado (bastante tempo, depois de mais de ano desempregado) pensei um tanto em suicido, mas bastava pensar de maneira analitica "porra, eu sei que isso vai passar, pois tudo que me trouxe até esse ponto me mostra que a maior merda de hoje passa, ou transforma em outro tipo de merda, mas ESSA vai passar um dia". O que poderia um psi/psi fazer diferente?
Eu fui em psicólogo no passado durante pouco tempo (por conta de baixa auto-estima). Mas nesse pouco tempo deu pra perceber algumas coisas:
1) O psicólogo vai falar coisas que são óbvias, mas que curiosamente na voz dele soam de forma diferente. Se fosse qualquer outra pessoa falando, não sei porque, eu não teria sentido o mesmo impacto. É como se eles realmente soubessem a forma correta de se expressar;
2) A maior parte do tempo vai ser você falando e ele ouvindo. Mas, ao menos comigo, as poucas coisas que ele falou valeram as consultas. É muito diferente alguém de fora da sua vida abrir a sua mente, de algum amigo ou parente. Quando é amigo ou parente falando, você meio que não leva a sério. Não sei explicar o porquê disso.
Ou seja, pode ser que o psicólogo venha a falar pra sua esposa as mesmas coisas que você ou outra pessoa próxima tenha dito. Mas ele vai saber colocar isso de uma melhor forma e em um melhor contexto e pode ser que ela absorva isso melhor (se for um bom psicólogo, claro).
Eu vi umas postagens bem cabulosas ai sobre o assunto, então venho compartilhar a minha história (aconteceu faz pouco tempo)
Há uns quatro anos atrás (desempregado, relacionamento em ruínas, etc) comecei a ter alguns sintomas bem sérios de ansiedade (desenvolvi uma arritmia chamada extra sístole) entre outras merdas, embora não tenha desenvolvido síndrome do pânico propriamente dita (nunca tive um ataque desses que vi relatos aos montes na internet) tinha terror noturno, e comecei a ficar com pavor de locais cheios de gente (quando entrava no onibus passava mal) e assim por diante.
Tinha medo de sair de casa, passava mal o dia todo... suava frio sem motivo, coração passava dos 80bpm sem motivo aparente, depois descobri que minhas crises de ansiedade eram LEVES (nunca tentei me matar, vai ver foi por isso) e o coração foi chegando a 100bpm mesmo eu estando em repouso, suava frio e não tinha vontade de absolutamente nada.
Resolvido a me tratar por conta própria, demorei a procurar ajuda profissional, achando que era uma fase transitória, e sofri com isso por mais de 1 ano.
No final, voltei a frequentar a minha religião e voltei a cuidar da minha espiritualidade, pois já havia um tempo estava afastado, houve uma melhora bastante significativa, porém bem longe da normalidade, foi ai que conheci uma coisa chamada Reiki.
Minha mãe, que gosta muito desses tipos de tratamento alternativo, e etc fez um curso de Reiki na época, e eu sempre fui meio pé atras com essas coisas, mas acabei cedendo e pedi pra que ela aplicasse um tratamento desse tipo, e assim a coisa foi indo, até que eu conheci um mestre em Reiki que praticamente me curou dessa porra toda sem nem olhar na minha cara.
Eu ainda tenho alguns problemas decorrente da ansiedade, mas meu terror noturno sumiu e eu estou bem melhor do que estava a 1 ano atrás, continuo meu tratamento, cuidando da minha parte espiritual e a vida vai seguindo um dia após o outro, bem melhor que o dia anterior.
Então minha dica pra quem passa por problemas é, não ignore nenhum tipo de ajuda... para muitas pessoas o psicólogo e o psiquiatra não funciona, procure por técnicas alternativas porque mal não vai fazer.
Feles, dependendo do estágio da doença, o raciocínio lógico da pessoa fica MUITO afetado, a ponto dela não conseguir ver coisas que pra outras pessoas seriam óbvias.
Eu faço tratamento psicológico desde que tinha 8 anos, pois minha família é muito complicada (muitos parentes com problemas mentais, alguns internados em hospício inclusive), então eu já passei por vários profissionais e te digo que é muito difícil achar uma psicóloga que seja boa especificamente pro teu problema, mas quando vc acha uma, tua vida muda. Digo isso pq existem várias linhas de atuação desses profissionais, tem os que ficam te ouvindo e não falam nada, tem os que fazem o papel de um amigo te dando conselhos sobre os seus problemas, tem os que usam terapias alternativas (como te observar em jogos, e te pedir para fazer desenhos e esculturas), e tem os que fazem o papel de fdp, te tirando zona de vítima e jogando a responsabilidade pela tua vida na tua cara. Esse último tipo citado é o meu favorito, e é o que funciona melhor pra mim. Ele te tira da sua zona de conforto e cobra ações e mudanças imediatas na tua vida, fazendo vc perceber que vc é de fato o dono dela. Infelizmente a última profissional dessa linha que eu peguei se mudou pra outra cidade e eu nunca mais achei uma dessas... :( Mas eu saia chorando da clínica toda sessão, e ficava bem claro pra mim onde estava o problema e o que eu podia fazer pra resolver.
Psiquiatra eu tive o desprazer de conhecer 3 anos atrás, depois de uma experiência profissional frustrada que serviu de gatilho pra uma depressão que tô cuidando até hj. Existem psiquiatras que trabalham a parte psicológica também (como nos filmes), mas a grande maioria vai apenas atuar como um médico. Vc descreve os sintomas (tristeza, desanimo, fobias, falta de concentração, distúrbios no sono, etc) e ele vai te prescrever um remédio pra atuar no seu cérebro, tentando inibir esses sintomas. Pela minha experiência e pelo que já vi com outros familiares, dificilmente eles acertam o remédio de primeira, mas quando chega no remédio correto, seu raciocínio fica um pouco mais livre para poder ir tratar a causa do problema, que muitas vezes é psicológico. Se o problema for de fato físico (produção de alguma substancia desregulada no cérebro), aí vc tem que se acostumar em tomar o remédio pelo resto da vida (como se fosse remédio pra pressão alta, etc). Esses remédios são controlados e costumam ter efeitos colaterais. Eu me dei bem com Razapina, e o efeito colateral que eu tive foi retenção de líquidos, causando um inchaço nos pés e pernas (ficou tão inchado a ponto do meu pé não entrar num tênis desamarrado). Aí passei a usar meias de compressão e o problema foi resolvido.
O que eu te digo é, se pessoa está com depressão, primeiro profissional que vc tem que procurar é o Psiquiatra. Uma vez que a mente dela volte a um estado mais próximo da normalidade, aí vc procura uma psicóloga. Se o raciocínio da pessoa está afetado pela doença, só um psicólogo não vai resolver. E digo mais, raramente a pessoa consegue sair desse fosso sozinha.
Lá vem textão...
Sim, tenho depressão grau 3 (CID F32.2). É o máximo antes de psicose e coisas mais agressivas. O atestado do meu médico me deu afastamento INDETERMINADO. Descobri essa semana que há vários tipos, e que a minha existe desde sempre. Nós vamos acumulando responsabilidades durante o crescimento, e acumulando "depressão" (vou usar esse termo arbitrário só pra ilustrar). Com esse acúmulo, a depressão vai chegando a um nível insuportável. Estoura em alguns. Em outros ela fica como uma bola cheia de depressão e você vive uma vida desgraçada. A minha quase estourou. Houve intervenção familiar, me arrancaram do trabalho e tudo.
O pior da depressão é que você não sente ela chegar. Quando percebi, estava no mercado, procurando lugares que sustentassem uma forca, pensando em contatos para conseguir uma arma, procurando no Google (que te dá um suicide hotline. Não liguei, mas passei a respeitá-los mais) meios de me matar. Estudando tudo. Só digo que Rivotril não mata (pode tomar 2000 que teu corpo rejeita) e você tem que ser muito sortudo (ou azarado?) para morrer cortando os pulsos, pois tem ângulo, coagulação etc. Enfim, você se torna um suicida. Você deseja morrer. Torce para que aconteça. Mas não sabe que é depressão. Até que te contam e a ficha cai, e cai pesada.
Desde a intervenção, tentei me matar 4 vezes. A última foi a overdose de Rivotril, que ainda me deixa sem memória, meus sensores cognitivos estão loucos, não consigo me concentrar (nem por 1s) meu estômago foi pro cacete entre outros. Cortes, já tenho mais de 20 no braço esquerdo. Sim, vai deixar marca, pois usei um canivete retrátil de uns 20cm de lâmina. Posso colocar foto aqui, mas acho desnecessário.
Agora vem a parte interessante: side-effects. Muita gente pensa que depressão é tristeza. Bullshit. Sabe o que você sente quando está com depressão? Permitam-me demonstrar: expliquem a um cego de nascença a cor azul.
É um sentimento estranho, né? É isso. Um vazio. Não há sequer dor, ou ódio, amor.
Mas tem mais: dor. Sim, dor física. Imagina aquela pancada que você deu com a mão e doeu até o osso. Agora imagina isso no seu corpo todo. 24h por dia. Fotofobia, dor de cabeça, cansaço (de dar 10 passos e parar), fadiga muscular (não consegui erguer o pote de comida do meu filho).
Ainda não acabou: tem os side-effects dos remédios. Os anti-depressivos não te permitem ejacular. Eles fazem uma ponte nos neurônios (um químico me explicou) e ejacular se torna difícil ou impossível, dependendo da dosagem. Eles também atacam sua libido. Isso mesmo: você simplesmente não sente atração sexual. Na verdade, você até sente, mas de uma forma estranha, artificial. O Rivotril vocês já sabem. Seroquel foi o que me fez dormir no volante - coisa que JAMAIS aconteceu - e porrar o carro, mas ele dá mais é sono mesmo. Estão com mania de recomendarem escitalopram e risperidona. Meu psiquiatra é pica e falou que não prestam. Ele cortou olanzapina (que me deu as melhores noites de sono) e usou zolpidem pra controlar insônia, mas já tirou.
Meu atual estado? Perdido. Não tenho vontade sequer de jogar, serei demitido assim que voltar no meio de uma crise e nunca mais quero pisar em uma sala de aula ou coordenar curso. E vou lembrar o DEPRESSION GUIDE FOR DUMMIES: cuidado com o que você diz a um depressivo, principalmente estágio 3. Pode parecer um incentivo, mas a lente dele é outra. Te digo que inúmeras pessoas fizeram isso, umas mais importantes que outras. Às vezes eu tinha crise, às vezes me cortava, outras me isolava em um canto. Duas me levaram a tentar suicídio. Não sinto nada, nenhuma emoção. Alguns lapsos somente.
Por que estou dizendo isso? Porque eu não sabia. Eu vivia com a dor em silêncio. Você sabe o que é olhar 34 anos pra trás e lembrar meia dúzia de bons momentos e infinitos que rasgaram sua alma? Eu não quero essa dor pra ninguém. Não tenho vergonha da minha doença e ninguém deve ter.
Não estou curado, e provavelmente nunca estarei. Posso estar vivo amanhã, ou não. Esse é o terror da doença: saber que um sopro de leve te faz cruzar a linha.
By the way, acho que estamos grandinhos o bastante para saber que inventar coisas em fórum para aparecer é ridículo. Que carapuças sirvam. Ninguém está aqui para dizer que a dor de fulano de maior que a de beltrano, muito menos pra sair contando por aí. Respeito, gente.
Carai, mermão, que foda.
Mas, afinal, o que desencadeia a depressão? Como é uma doença, seria um problema hormonal?
Quote from: Billy Lee Black on Dec 01, 2015, 08:17:00
Carai, mermão, que foda.
Mas, afinal, o que desencadeia a depressão? Como é uma doença, seria um problema hormonal?
Ela nasce com você em muitos casos, mas só se manifesta depois de anos. Há casos de depressão adquirida também. Não há um padrão para doenças da mente.
Quanto a desencadear, praticamente tudo pode fazer isso. Tudo mesmo. Posso ter um desentendimento no mercado e BAM. Ou não. Como eu disse, não há padrão e o pior: você não sabe que está com depressão até ser diagnosticado. Já ouvi médicos dizendo que depressão pode ser pior que câncer, pois no câncer você sabe onde atacar.
É uma doença maldita. Você perde amigos, família, tudo porque não entendem. Por medo de um "surto" - sim, as pessoas são ignorantes - ou porque você se isola. E vou ser sincero: foda-se. Não me sinto pior porque X ou Y deixou de falar comigo. Na verdade, nem sinto. Essa porrada no carro teria me deixado louco de raiva, mas não tenho sentimento. Cara, tem membro muito próximo da família que não me desperta nada. NADA.
Pense na sua vida sem sentimento, sonhos e objetivos.
Bem vindo ao meu mundo.
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Porra valeu pelos relatos ae. Super interessante esse topico, acho que primeira vez que leio posts tão extensos sem cansar.
Feles, me permita mencionar esse detalhe com atraso:
Quote from: feles on Nov 30, 2015, 09:28:50
Por exemplo:
No passado (bastante tempo, depois de mais de ano desempregado) pensei um tanto em suicido, mas bastava pensar de maneira analitica "porra, eu sei que isso vai passar, pois tudo que me trouxe até esse ponto me mostra que a maior merda de hoje passa, ou transforma em outro tipo de merda, mas ESSA vai passar um dia". O que poderia um psi/psi fazer diferente?
Só o fato de você pensar de maneira analítica te tira do grupo "depressão". O depressivo não vê como você vê, não age como você, não sente como você. É um curto no seu cérebro. Mesmo que eu tente agora - e estou tentando - pensar de maneira analítica de conseguir um emprego quando a merda passar, não consigo. Vejo imagens aleatórias, sinto dor de cabeça.
Suponho - não sou especialista pra assumir nada - que você não teve depressão. Ou você ainda tem e ela está adormecida. Nisso, me desculpe, não posso ajudar. Não é minha área. Só posso reportar o que sinto.
QuotePor medo de um "surto" - sim, as pessoas são ignorantes - ou porque você se isola.
Tá vendo como o nosso raciocínio fica afetado? Você está ao mesmo tempo pedindo que as pessoas não falem contigo pq as palavras delas podem te afetar, e também reclamando que as pessoas não estão falando contigo, pq vc se sente solitário. É bem tenso mesmo.
A minha depressão foi diagnosticada como sendo leve e bipolar. Não fico depressivo 100% do tempo, mas tenho variação de humor brusca. Já ocorreu de eu estar rindo sozinho e de repente começar a chorar sem parar e passando uns 5 minutos eu estar rindo novamente, e tudo isso sem um motivo. Desanimo constante para qualquer coisa. Não conseguia ter um objetivo, e mesmo quando me davam um, não conseguia ter foco pra seguir em diante.
Ainda assim, como disse, meu caso é leve, e normalmente associado a algum gatilho emocional. Por sorte, estou no final do tratamento e bem melhor que 3 anos atrás.
Espero nunca chegar no seu grau, e que vc também consiga sair dele. ;)
Velho, espero que você nunca chegue nele. Sem prepotência, quase ninguém aguentaria o que aguento. É surreal. Você delira, às vezes, vê imagens estranhas.
Esqueci de citar no relato que nem a arritmia eu tenho mais, após o tratamento de Reiki que falei.
Após minha separação em 2012 eu passei um periodo bem complicado na minha vida. Sofri de depressão leve, visitei psiquiatra que me receitou um tarja preta (não lembro nomes pra citar) para controlar a anciedade, conseguir trabalhar e dormir.
Depois dele fui para uma psicologa, que frequentei por uns 3 ou 4 meses. Não tenho como dizer que nao ajudou em nada, porém eu ia sabendo o que precisava mas mesmo sabendo sentia a necessiade de ir e conversar, ouvir, enfim.
Minha fuga era dormir. Não tinha vontade de fazer nada, apenas medicação e cama.
Por recomendação da minha mãe acabei visitando um médico que depois de algumas conversas me receitou Fluoxetina, a qual eu tomei diariamente por 7 meses. Nesse mesmo periodo de tempo por vontade própria começei a frequentar uma casa espirita (Alan Kardec, nao umbanda) a qual me fez e ainda faz extremamente bem. Um lugar tranquilo onde eu ia todas as terças feiras ouvir uma boa palestra sobe o assunto e refletir sobre o rumo da vida.
O tempo passou e eu fui levando. Voltei a sair, conheci pessoas, começei a ocupar meu tempo com exercicios fisicos (os quais faço até hoje regularmente) e atualmente apesar de já estar vivendo uma "nova vida" as vezes ainda me pego na cama sozinho, ou no chuveiro, pensando em tudo que aconteceu. É estranho. Mas sei que em algum tempo sequer vou ter esses lapsos. Seguir vivendo, traçar objetivos e "pensar menos" ajuda bastante.
Não se explicar... hoje tudo parece fácil, pensando no passado, mas naquele momento esse pensamento claro que tenho hoje nao existia.
Vejo que o que eu senti é muito pouco comparado ao relatado aqui e também a muitas outras pessoas que realmente sofrem do problema. Minha unica sugestão, e o que eu realmente considero que fez a diferença pra mim:
Procure um médico/medicamento que possa auxiliar na controle de aciendade. Controlar os pensamentos é o primeiro passo.
Ocupe a mente. Exercicios físicos. Trabalho. Fazer qualquer coisa como ajudar alguem que você conheça em alguma coisa.
No começo pode não ser facil, mas os resultados vem...
Red, eu até estou "liberado" pra fazer exercícios, mas a dor não deixa. E, mesmo se deixasse, não tenho vontade alguma.
Quando aos remédios, já perdi a conta de quantos testei. Estou com Venlafaxina, Rivotril, Carbolitium e Quetiapina.
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Cara tava falando com minha Sra. Ela ta toda abalada mesmo, medo de sair para a rua a tal.
Sai pois a opbrigação é mais forte que a vontade.
O que diabos um casal com 50% do salario e sem plano de saude pode fazer?
Já coloquei ela como adicional meu, mas deve levar uns 30 dias para poder usar, isso SE for coberto.
E no meu caso, psicologo, certo?
Quote from: feles on Dec 02, 2015, 11:33:39Cara tava falando com minha Sra. Ela ta toda abalada mesmo, medo de sair para a rua a tal. Sai pois a opbrigação é mais forte que a vontade. O que diabos um casal com 50% do salario e sem plano de saude pode fazer? Já coloquei ela como adicional meu, mas deve levar uns 30 dias para poder usar, isso SE for coberto. E no meu caso, psicologo, certo?
É aí que começa o problema. Psicólogo é caro pakas. E não sei se plano de saúde cobre...
Negativo: psiquiatra primeiro - que é o triplo do preço. Ele vai analisar o que há para encaminhar sua patroa.
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Torce pra ser CID Z, porque é mais fácil de tratar. Se for F31 pra cima, se prepara; medicamento a 200 pila - e normalmente são dois. Rivotril genérico é preço de pastel de flango
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Por lei todo plano de saúde tem que oferecer 12 sessões por ano com um psicólogo. Só que essas 12 sessões normalmente não dão pra nada... Dificilmente a pessoa já chega no psicólogo abrindo toda a vida dela e contando seus segredos mais íntimos. Até a pessoa estabelecer uma relação de confiança com o profissional, já se foram as 12 sessões.
Feles, pra ela, leva ela nem que seja no SUS. Tem psiquiatra e psicólogo lá tb. O chato é que, ao menos aqui em SP, a fila é enorme. Normalmente vc só consegue marcar uma consulta pra ir 3 meses depois, então se vc não tiver condições de pagar, já corre lá e agenda uma consulta enquanto vc tenta arranjar um jeito de fazer particular. Eles fornecem alguns remédios tb, que vc pode pegar no posto mesmo se a receita for de médico particular.
E 2 coisas que o Red comentou e que de fato ajudam um monte pra depressão: Exercícios físicos e tomar sol (preferencialmente pela manhã). Essas 2 coisas que parecem besteira ajudam a regular a produção de algumas substancias no cérebro. Pra ter uma ideia, tem estudos que apontam que a Groenlândia tem índices de suicídio gigantescos pq os caras não tomam muito sol.
Quote from: King on Dec 02, 2015, 13:55:07
Pra ter uma ideia, tem estudos que apontam que a Groenlândia tem índices de suicídio gigantescos pq os caras não tomam muito sol.
Não é por isso, porque acontece com a Suécia - que, aliás, é recordista em suicídios no mundo. O problema é viver em um país onde tudo funciona. Você enlouquece, por incrível que pareça. É só pesquisar e ver que o Brasil é considerado o país mais feliz do mundo, mesmo na merda que estamos. É a teoria Matrix - utopia gera caos.
Anyway, continuo recomendando um psiquiatra antes de tudo.
Depressão pode ser problema de tiroide também, eu aconselho a antes de tudo se consultar num clinico geral, não custa nada e pode abreviar muito sofrimento.
E como se chega em um diagnóstico de depressão? Psicólogo mesmo? Uma consulta "de rotina" no psicólogo?
Quote from: night on Dec 02, 2015, 20:44:11
E como se chega em um diagnóstico de depressão? Psicólogo mesmo? Uma consulta "de rotina" no psicólogo?
Psiquiatra.
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Perdão, quis dizer psiquiatra e confundi na hora.
Mas não entendo como o cara chega e te diz, sim, vc tem depressão.
Um psiquiatra é o profissional correto para dar o diagnóstico, mas eu já vi vários casos em que o psiquiatra errou a causa e tratou o paciente indevidamente porque era um problema físico que levava ao quadro de depressão e não psicológico.
Existem outras causas mas prefiro não entrar em detalhes, num local onde a maioria é ateu ou agnóstica de alguma forma.
Night, é exatamente do mesmo jeito que se descobre qualquer doença. Vc chega no médico e relata o que tá sentindo. Ele vai analisar o que vc falar, talvez pedir algum exame, e te dar um diagnóstico. Pode estar errado? Pode, do mesmo jeito que vc pode estar com câncer no fígado e o médico dizer que é virose.
Os exames que um psiquiatra pode pedir podem incluir exame de sangue (diversos hormônios, inclusive o da tireoide, como disse o Seifer), eletroencefalograma e dependendo da doença que ele suspeitar até ressonância magnética do cérebro.
Pra depressão normalmente eles perguntam da sua vida numa primeira consulta. Pedem pra vc detalhar vida profissional, familiar, amorosa e tudo mais, fazendo um quadro de como era antes e depois dos sintomas que vc tá. Muitas vezes só com essa conversa eles já conseguem fazer o diagnóstico. É importante nunca mentir pra não correr o risco que receber um diagnóstico errado.
Fui procurar psiquiatra duas vezes por transtorno de atenção, cogitando até que eu tivesse algum problema neurológico congênito, porque minha incapacidade de foco é surreal. Depois de uma longa anamnese, que eu gostei muito e onde me senti muito respeitado, ambos declararam que o que eu tinha era... "depressão profunda". Minha mãe e vários parentes tinham, meus antigos são geneticamente cheios de doenças neurológicas como nevralgia do trigêmio e etc, então ok. Me receitaram alguns remédios. Me proibiram de meditar. Perguntei "que tipo" de depressão era, e pra por gentileza me explicarem alguma particularidade de meu quadro pra eu entender melhor, porque evidentemente carências cerebrais afetariam minha rotina e minha rotina teria papel nessas carências. Se é pra resolver, vamos pegar da raiz, né? Disseram "é depressão, não tem tipo". Então fiquei meio decepcionado com a falta de especificidade de diagnóstico de uma ciência que, supostamente, deveria ser específica, particularizante, até milimétrica... e me senti colocado numa vala comum de quem não sabia de fato que raios tava acontecendo comigo e embrulharam num mesmo nome. Tipo chamar todo ataque não-ocidental de terrorismo, tipo chamar todo asiático de chinês. E mesmo que me dessem números/letras queria saber por que RAIOS eu estava manifestando isso. Não tomei remédio nenhum e fui cuidar do meu jeito: rolando na grama com um cachorro.
Não sou contra remédio não, se eu não guentar as pontas da minha crise, tomarei sim. Você tem que primeiro se manter de pé se quiser entender seu problema e esmiuçá-lo, sim. Considero medicina natural imensamente mais eficaz que a ortodoxa, mas a vantagem da ortodoxa é o imediatismo da dessintomatização: se te racharam a cabeça, não é pingar floralzinho que vai resolver, tem que levar pra um hospital e costurar mesmo - quando estabiliza, aí sim. Mesma coisa tarja preta. Usa pra segurar o caos; segurou, aí cavuca com paciência a origem. Se você não estiver conseguindo levantar da cama sem ele, tome sim. Problema é que o cara nunca vai cavucar a origem. No máximo, usa um psicólogo que só vai ser útil à medida em que é sensível, e não estudado, pra te inspirar a ter suas catarses e epifanias. Mas a gente tá condicionado a entender o próprio psicólogo como uma cápsula que você ingere por se dar ao trabalho de simplesmente entrar naquela sala! Não! Psicólogo só te estende a lupa, e você que procura! Quem não quer procurar, volta de novo pro remédio, e aí que entra o círculo vicioso: tomar a falta dele como o problema, ele como a solução; remédio é durex, use quando precisa de remendo, mas sem nunca ignorar que há algo detrás disso tudo escancarando um vazio e desespero no seu âmago. Você não nasceu com um defeito irreparável e está condenado invariavelmente a bombas de nomenclaturas terminadas em -ina porque Deus quis ser um filho da puta com você. Menos ainda "especialmente" com você. Pra mim, depressão não tem tipo mesmo, e é doença só à medida que a gente precisa entender racionalmente que estamos desequilibrados a partir de uma tabela de sintomas e medição de graus, e muitas vezes pra gente se convencer de que nosso buraco é maior que do outro pra se redimir um pouco consigo mesmo. Posso chamar votar no Alckmin de doença, posso chamar encoxar mulheres no metrô de doença - dar nomenclatura, estipular graus, receitar curas. Depressão é uma categoria. Como todo mundo tem açúcar no sangue, e o cara é chamado de diabético só a partir de um referencial. Nossa vida social é tão condicionada, tão anestésica, que às vezes a gente tá infeliz pra caralho e nem se dá conta, porque bem... consegui pagar as contas esse mês... ainda não deu câncer de próstata no meu exame... tô comendo uma razoável mulher... então ok. Daí empurra seus sonhos e angústias com a barriga, achando que a solução da vida é silenciar essas bostas, consumir, cumprir um protocolo social... lógico que uma hora BLAM, o surto vem. Se não for com uma doença física, vem como uma "doença" psicológica.
E a mente é tricky PRA CACETE. Os nós que ela pode te dar são surreais. Vocês tão ligados que faço rituais com enteógenos, e nêgo, os lugares pra onde sua cabeça pode ir são infinitos. Nos rituais, há apenas uma catalização de lugares "abríveis naturalmente" a partir das tuas emoções. Num surto psicológico, você pode se convencer de que jogar ácido sulfúrico nos gatinhos da vizinha é um heroismo moral. O que fazer nessa hora? Se afundar no videogame pra desviar a atenção, ou tomar remédio, ou uma cacetada na cabeça. Maravilha. Mas e depois? O que quero dizer é que os caminhos da mente são determinados pelo QUÍMICO do remédio ou pelo EMOCIONAL, sendo o MENTAL apenas uma via intemediária, onde rola a treta. Tô meio com pressa e num teclado minúsculo pra escrever o monte que eu escreveria aqui, mas é o seguinte, gente. Eu conheço mais ou menos a personalidade de todo mundo aqui, e a depressão é inevitável, é a vala comum de todos nós se ninguém se arrisca saltar fora. Somos, em geral, pessoas com síndrome de poder, frustrados de não sermos mais tão jovens, com um índice de introspecção social, ficando mais calvos e mais gordos, vendo que a vida vai passando e a gente não se sente feliz, que não nos tornamos aquilo que queríamos ter nos tornado quando proseávamos aqui com toda aquela energia há 14 anos atrás. O mundo também não mudou junto, senão pra pior, e a gente vai aprendendo a se contentar em só empurrar a vida com a barriga. A diferença entre a gente é que um reage a isso com niilismo, outro com revolta política, outro com revolta teológica, outro com vitimismo, outro com humor negro, outro com otimismo falso, outro em cima do muro achando todos os outros errados... mas o mesmo problema. Depressão não é uma doença senão no plano teórico porque TODO MUNDO a tem em algum grau. Se desemboca em pânico ou bipolaridade depende da constituição física, neurológica, cultural e emocional da pessoa, mas é o mesmo problema.
Mas eu acho sim que tudo isso tem solução, que começa justamente tomando uma na cara pra você ver a condição em que se encontra e não aceitar mais colocar esse chapéu de doente na própria cabeça. Eu acho que a gente sempre tem que parar em silêncio por alguns minutos e lembrar da gente criança, momento que a gente era mais sincero conosco. E pensar o que a gente queria, como a gente era, o que pulsava. A vida soterrou isso de lama, não arrancou. Resgata isso, que você vai ver que, no fundo, depressão é a lama. Eu aposto um garage kit do Seifer SUX banhado a ouro que se vocês todos largarem essa vida escravizante da urbe e do sistema e resolverem ser mais simples, morando numa chacrinha com quem vocês amam, e com os confortos que gostam mas sem pompas, e (como o Red bem disse) sem pensar muito, vocês saem desse quadro e encontram uma maturidade e sabedoria que toda essa via sacra incansável de viver nesse ecossistema hostil dos homens não permite. A sociedade - e as cobranças e julgamentos que a bordeiam - é um câncer, nêgo, um câncer. Não o mundo ou o serumano.
Esse lance dos compromissos sociais, e a forma como os outros e a sociedade em nossa volta molda nossas vidas e enterram nossas vontades é foda pra caralho mesmo.
É impressionante como pessoas próximas podem te jogar pra baixo com poucas palavras. O pior é que elas acham que estão te fazendo um favor, te "dando a real", mas não imaginam o quanto a cutucada te afeta.
Queria ter uma mente de aço, pra ignorar todas as pressões e cobranças idiotas que parentes e amigos fazem.
Rapp, você sabe que vai rolar um ultramegablaster reply, mas hoje eu não tô bem. Eu sei o que dizer, mas não consigo. Sei lá.
Deixa eu relaxar um pouco a mente e a gente troca uma ideia. Desculpe mesmo.
Billy, mas sabe o que eu acho? Que tem que ser uma coisa de dentro, se resolver intimamente com você primeiro e pronto. Acho que isso que blinda tua emoção pra infinidade de mísseis que as pessoas lançam, porque não há mesmo como impedir esses disparos antes. Todo mundo tá no buraco e vai querer disparar a responsa no outro, mesmo disfarçado no discurso de uma "preocupação". E quando você tá bem contigo, parece até que tem uma "física" que faz com que as pessoas que te criticariam passam a inconscientemente se sentirem meio idiotas de te criticarem. Sei lá, a maioria aqui me conhece há tempo pra caralho e sabe que eu tinha (e em muito ainda tenho) uma tendência a tirar satisfação com cada vírgula contrária que chega. Mas cada vez mais isso diminui, à medida que vou me compreendendo e até vendo beleza na disparidade. A verdade é que na minha época revoltadinho briguentinho eu era é um inseguro com vergonha de mim mesmo, e conforme fui aceitando algumas coisas parece é que as pessoas também foram me aceitando naturalmente, e eu aceitando elas, sem ninguém precisar mudar ninguém.
Suave Joe, precisa desculpar não. Quiser trocar uma ideia (aberta a blaster re-replies haha) fala.
Maduro o tema e o relato de vocês para falarem sobre isso. Acho que o passo de querer externar para compartilhar o que se passa/passou já é algo.
Entendendo que tem dois tipos de situação:
1) Quem tem ou criou algum déficit metabólico por trauma ou natureza;
1.a) Seria re-inserir em dosagens administradas o beta-bloqueadores ou outros estimulantes para que a "carga" volte a ficar equilibrada - tratamento medicamentoso;
1.b) Estimular atividades que proporcionem a geração ou estímulo natural disto.
2) Quem não tem déficit metabólico, mas o cérebro começa a apontar para a depressão ou algum transtorno como caminho;
2.a) Nesse caso, o tratamento seria o "desembaraço" psicológico da situação através de fatos, conversas, raciocínio e lógica?
Entendi que nada impede que os tratamentos de 2 também sejam incentivador com 1, mas no core são situações diferentes e os medicamentos vão tentar quimicamente desembaraçar a situação.
Temos um programa "Fique Ok" onde trabalho que, caso qualquer pessoa identifique uma pessoa que precisa de ajuda (ou a própria pessoa ligue lá), podemos ligar para uma central e eles nos orientam como agir com a pessoa e entram em contato ou visitam a pessoa. São psicólogos por telefone e eles adotaram isso devido ao alto índice de afastamento e suicídio das áreas.
Só que as orientações para nos agirmos com as pessoas são abrangentes: "somente escute, deixe a pessoa falar", "não implique julgamento ou opinião", etc.
Sei que não tem fórmula mágica, mas vocês que viveram ou vivem situações assim, como ajudar? O que falar? Como agir? Ou não agir?
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QuoteA verdade é que na minha época revoltadinho briguentinho eu era é um inseguro com vergonha de mim mesmo, e conforme fui aceitando algumas coisas parece é que as pessoas também foram me aceitando naturalmente, e eu aceitando elas, sem ninguém precisar mudar ninguém.
Isso faz muito sentido, já que uma vez que vc se aceita e aceita os demais (ou ignora), vc reduz as críticas a pessoa. Sem críticas a pessoa não se sente ameaçada, logo ela abaixa o arsenal dela quando vai falar contigo. É a velha história do "se 1 não quer 2 não brigam". E digo que é sempre a crítica que causa isso pq a maioria das pessoas tem dificuldade pra lidar com isso, com o conflito de ideias.
QuoteSei que não tem fórmula mágica, mas vocês que viveram ou vivem situações assim, como ajudar? O que falar? Como agir? Ou não agir?
Isso varia de pessoa pra pessoa, imagino. No meu caso, quando eu tava em crise a pessoa podia falar o que quisesse pq eu tava simplesmente ignorando tudo, muitas vezes deixando a pessoa falando sozinha. Pra ir no psiquiatra minha mãe teve que me tratar feito criança, me pegando pelo braço, botando num carro e me levando lá. Eu simplesmente não me importava.
Quote from: Dark on Dec 04, 2015, 07:18:36
Sei que não tem fórmula mágica, mas vocês que viveram ou vivem situações assim, como ajudar? O que falar? Como agir? Ou não agir?
Fui ver teu tópico dopado, então não sei se vai ajudar tanto. Na verdade, não tenho momentos sem remédios por causa da doença.
O que eu posso te dizer é, caso a pessoa se retire durante uma crise leve, acompanhe, fique perto, conforte fisicamente, MAS NÃO DIGA UMA PALAVRA SEQUER. Canso de repetir isso. Há tipos de crise: ansiedade e pânico. Se é ansiedade, tomo um clonazepam 0,25 e espero passar. Se for pânico, você e quem estiver junto se isolem com a pessoa, pois a coisa pode ficar feia. Não violenta, mas a pessoa pode rasgar roupa, gritar, chorar copiosamente, deitar onde for. Aí o clonazepam vai sendo ministrado até que a crise pare.
Minhas crises agora são leves. Escondo da família a maioria, luto internamente para ela não se manifestar. Tenho muitos impulsos para me cortar, e já tenho uma coleção no braço esquerdo. Mas já tive crise de acabar com almoço de domingo. As fortes são incontroláveis. Você não sabe o que está acontecendo, mas teu corpo entra em parafuso. Você chora como se tivesse perdido um ente querido, anda sem rumo, pede desculpas o tempo todo pelo constrangimento. Essa é punk. Mas, novamente, acompanhe, monitore, sem dizer uma palavra. Deixe o copo esvaziar. Falar algo errado pode mudar o tipo de crise e aí você vai ver merda de verdade. Vi uns vídeos de Discovery Channel e trecos que a crise evoluiu tão rápido por conta de uma besteira dita que os operadores da emissora tiveram que fugir.
Como eu disse, nenhuma tem o fator violência, então pode se aproximar se a pessoa se sentir confortável. Só que estou falando da minha, grau 3 (para o governo, CID F32.2). A grau 4 (F32.3), que tem fator psicótico, é internação. Sei de casos - não é amigo de amigo; família mesmo - que a pessoa pegou uma faca para matar a outra em um surto.
Mais uma vez (e não é pra aparecer; eu só odeio cometer erros quando escrevo), ignorem os erros. Ainda estou me recuperando da overdose e estranhamente um item seriamente afetado foi a digitação.
Eu sabia que o Raptor teria algo a acrescentar, por isso falei da discussão que tava rolando aqui, atualmente é a pessoa mais espiritualizada que eu conheço (aposto como ele vai rebater essa afirmação haha) e tem um conhecimento monstro sobre medicina alternativa, rituais espiritualistas e conhece bastante sobre a psique humana.
Eu cai pelos caminhos da espiritualidade, e foi só depois disso que eu tive uma reversão do meu quadro inicial de depressão, ansiedade, síndrome do panico (que tem níveis também) etc.
É claro que o que serve pra um, pode não servir pro outro... no meu caso, eu não procurei só um remendo como dito (eu tive que tomar injeção de diazepam? sim... mais de uma vez) mas eu procurei um jeito de reverter a situação de forma permanente, e isso tu não consegue tomando apenas remédio, que como dito funciona como um "durex" isso tu só consegue se encontrando e sendo quem você é, não quem gostaria de ser.
Mamãe... quanto texto. Li por cima o que o pessoal escreveu e como alguns, lendo o posto do Raptor, acho que vou dar uma pensada nisto.
Sobre psicólogo, eu tinha (e tenho ainda) a mesma visão que o feles colocou, porém no momento não consigo deixar de concordar que pago para conversar com alguém sobre coisas que eu talvez pudesse fazer sozinho ou com outra pessoa próxima. Quem sabe mais pra frente eu evolua e consiga, mas agora, eu preciso desta voz me questionando e dando pistas para onde posso ir.
Quote from: Gynoug on Dec 08, 2015, 18:10:24
Sobre psicólogo, eu tinha (e tenho ainda) a mesma visão que o feles colocou, porém no momento não consigo deixar de concordar que pago para conversar com alguém sobre coisas que eu talvez pudesse fazer sozinho ou com outra pessoa próxima. Quem sabe mais pra frente eu evolua e consiga, mas agora, eu preciso desta voz me questionando e dando pistas para onde posso ir.
Não sou psicólogo e todos sabem disso. Só quero te dizer que o que eles fazem é muito mais do que falar ou ouvir. Sei disso porque preciso de Psicologia da Educação, Antropologia e trecos para exercer minha função. Eles encontram coisas que nem você sabia ou lembrava. Acho que mencionei: a minha psicóloga achou um ponto que literalmente vi caixas com memórias se abrindo na minha frente. Sem sacanagem; EU VI.
Lembra do que eu falei da história do carro quebrado: não adianta querer consertar em casa porque acha que sabe. Vou usar um termo muito comum aqui no Rio: é economia porca. No final, sai mais caro e pode agravar.
Não se brinca com a mente.
Seifer, acho que não foi o que você disse, mas só pra enfatizar, caso tenha sido: o que eu disse não tem NADA a ver com espiritualidade. Quer dizer, tem inúmeros links possíveis, mas a gente definitivamente não precisa falar de (ou acreditar em) espiritualidade pra abordar aquelas questões, que são simplesmente "físicas" naturais do humano.
No ponto "psicólogos", concordo com o Joe, tem toda uma técnica aí, anos de formação, anos de experiência no consultório. Mas também tenho algumas considerações: empatia beats estudo anytime. Uma pessoa com tino, sensibilidade e caridade, mesmo que analfabeta, é um psicólogo melhor que o pós-doutor em psicologia xucro socialmente. Acho que sobretudo a psicanálise virou uma ciência de mapeamento do humano como se suas emoções fossem robóticas (mas são dinâmicas, orgânicas!). Daí todo o conhecimento e técnicas são sim muito úteis para você suplantar na medida do possível a carência momentânea de uma empatia para com o outro, ajudar a estruturar melhor a ideia em nossa mentes, traçar estratégias eficazes e prever riscos, mas o indivíduo empático já tem esse cuidado em si intuitivamente. Claro que "empatia" não é algo mensurável, então não dá pra confiar a ele uma profissão, mas é algo que tenho percebido no cotidiano. Por exemplo, nos últimos anos minha vida amorosa tenho atraído um padrão "psicóloga mais velha com mil titulações", cuidam de casos terríveis e, conforme exige a profissão, também passam por atendimento. Mas fato é que, apesar de todo cacife delas e da leiguice minha, acabei virando o terapeuta das quatro. O lance é você "sacar" o outro, ter delicadeza e ter vontade legítima de ajudá-lo. Por isso que, pra resultados práticos e estalos de consciência do sujeito, um amigo é muitas vezes melhor que qualquer psicólogo... e muitas vezes bem pior. Bom mesmo seria um psicólogo empático e respeitoso e que se importa... e tem, mas não é o título que vai mostrar isso.
Só quis citar porque muitos casos de depressão são associados a problemas espirituais, resolvendo esses problemas (sem entrar no mérito de acreditar ou não) a depressão é "controlada" a um ponto mínimo ou "origem"
Mas eu to falando do meu caso, nenhum remédio ou tratamento me ajudou na época, foi a minha fé? é claro que sim, mas sinto ter algo a mais além disso, algo em qual trabalho e desenvolvo a mais de 10 anos.
Prefiro o silêncio nessa parte de "fé" e "espiritualidade".
Não que traga grandes contribuição, dá para ver que alguns são (infelizmente) bem especialistas nesta situação.
Vi, recentemente, um vídeo que a psicóloga da minha esposa (que também tem uma coleção de tarjas pretas numa prateleira) tem linkado em seu perfil de rede social, diz usar como um termômetro no paciente que possa estar percebendo algo errado e não sabe explicar;
E, por mais que compartilho da ideia de sair do fundo do poço por conta própria, às vezes, quando também não consigo sair da cama (não por sono), a ideia de um especialista não parece absurda.
Enfim. Vale ser absorvido.
https://www.youtube.com/watch?v=bZexFbgSC8c